O projeto de Bilhete Único de Santo André, que tramita na Câmara desde o fim de março, permitirá ao usuário pagar uma tarifa e utilizar três ônibus dentro do período de uma hora e meia. A proposta, semelhante à implantada no município de São Bernardo, tem previsão de apreciação até dia 14 pelos vereadores, seguindo caráter de urgência. Mas, o texto tende a ser incluído na ordem do dia antes dessa data. O prazo para as empresas colocarem em prática o novo sistema é dia 18. O secretário de Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra (PSD), e o diretor da SA Trans, Leandro Petrin, compareceram ontem no Legislativo para prestar esclarecimentos sobre o projeto. A explicação dos interlocutores do governo Carlos Grana (PT) durou cerca de duas horas, a portas fechadas com os 21 parlamentares. A maioria já se coloca publicamente favorável - 14 deles contatados pela equipe do Diário, entre situação e oposição, avaliam que a proposta beneficiará a população. A Prefeitura entrará com R$ 1 milhão por mês para subsidiar a integração no transporte público municipal que, segundo o governo, não acarretará em aumento na tarifa - hoje a passagem custa R$ 3,30. Essa compensação do Paço sairá dos cofres municipais, principalmente da Secretaria de Obras. "A Pasta está cancelando algumas dotações para fazer a suplementação e alcançar inicialmente os R$ 8 milhões (valor até dezembro)", mencionou Paulinho. O secretário avaliou que o Bilhete Único é o passo inicial para a modernização do transporte público de Santo André. Segundo o pessedista, entre os principais destaques do projeto estão a disponibilidade da localização do ônibus via internet, por meio site da SA Trans, e a integração com as demais modais de mobilidade (veja mais detalhes na arte acima). "Já servirá para adaptar com as futuras linhas 18-Bronze do Metrô e da Estação Pirelli, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)."
Administração andreense calcula que a porcentagem de viagens não remuneradas (oriundas da integração, em que o passageiro não pagará a tarifa) chegará a 6,8%. Paulinho emendou que, nesse momento, não será possível aplicar o sistema ida/volta por falta de recursos nos cofres. "A questão é puramente de limitação orçamentária. Não dá para comparar a capacidade de São Paulo e Campinas, que são duas cidades com sistema somente temporal, com a de Santo André." Campinas arca com R$ 40 milhões/ano, enquanto a Capital desembolsa R$ 1,3 bilhão.
Parlamentares questionam subsídio a partir de 2014
Na visita dos aliados de Carlos Grana à Casa, os vereadores questionaram o valor do subsídio a partir de 2014. Na concepção dos parlamentares, em especial da oposição, o projeto deixa em aberto a possibilidade de aumento do repasse sem crivo do Legislativo. Diante disso, será elaborada emenda ao projeto para incluir item que obriga o Executivo a enviar relatório dos usuários e impacto no sistema com mudança de itinerário. "Queremos, ao menos, prestação de contas trimestral", disse Luiz Zacarias (PTB).
Paulinho Serra descartou que haja acordo com os empresários de ônibus para acréscimo de R$ 2,6 milhões de contrapartida do Paço no ano que vem. Para o secretário, um estudo avaliará o montante a ser repassado, que será estipulado com critérios que não desequilibrem os cofres públicos nem o sistema de transportes. "O contrato tem de ser balanceado. Hoje chegamos ao denominador comum. É a média matemática. A conta será refeita para o próximo ano, mas os vereadores terão acesso na peça orçamentária de 2014 (na rubrica do Bilhete Único)."
Após a implementação do sistema nas catracas, no dia 18, o governo petista vai começar pesquisa de origem/destino (demanda) para verificar se 6,8% corresponde com a realidade, o que impactaria em aproximadamente 300 mil usuários a mais ao mês. O levantamento da Prefeitura ocorrerá de quatro a seis meses. "Até o fim do ano queremos ter os dados tabulados e iniciar a reorganização das linhas, ampliando os ônibus circulares", citou Leandro Petrin.
Fontes:
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
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